Adrianna e eu o elaboramos em homenagem ao antigo estilo de Pomerol, onde o Cabernet Franc era misturado com outras variedades de Bordeaux, explica Alejandro Vigil.
Os tintos de Agrelo, assim em termos genéricos, costumam ser generosos em doçura; vinhos amáveis que combinam muito bem com churrasco. Algo disso está presente neste cabernet franc com 15% de malbec, envelhecido em fudres com mais de cem anos. Existe aquela doçura suculenta, os aromas e sabores de frutas negras, mas também está presente a mão do enólogo Alejandro Vigil, ao dar uma reviravolta em Agrelo e torná-lo algo mais penetrante e extremo. Deixe-o um tempo na taça e verá como aparecem as frutas vermelhas ácidas, as ervas, em um vinho que está no auge dos melhores da região.
É surpreendente que em um ano tão quente como 2020, e em uma região ensolarada e quente como Agrelo, seja possível conseguir este tipo de frescor frutado. Certamente este cabernet franc (de vinhedos com cerca de 30 anos, com 14 meses de envelhecimento em tonéis muito antigos) não é precisamente um franc do Loire, mas tem uma presença de frutas vermelhas frescas que impressiona. O paladar se sente construído a partir de taninos firmes e um leve toque condimentado e, sobretudo, herbáceo, inundando o final de boca.
A historiadora Adrianna Catena é filha de Nicolás Catena, um dos principais nomes do vinho argentino. Sua conexão com o negócio não passou disso, até que em 2009 se associou com Alejandro Vigil, o diretor técnico da Catena, para empreender um projeto que nasceu após uma conversa e que foi tomando forma lentamente: criar vinhos inspirados naqueles produzidos pelos primeiros imigrantes europeus na Argentina. Daí surgiram conceitos como a cofermentação, a pisa a pé, a levedura nativa e o envelhecimento em tonéis.
Localizado no coração de Mendoza, a 1.050 metros de altitude, Agrelo é considerado um dos terroirs mais nobres da Argentina para Malbec. Seus solos aluviais profundos, com cascalho e excelente drenagem, combinados com a amplitude térmica entre dias quentes e noites frias da pré-cordilheira, criam condições ideais para a maturação lenta das uvas. Berço de alguns dos Malbecs mais prestigiosos do país, a região também se destaca na produção de Cabernet Sauvignon e blends tintos de alta qualidade, resultando em vinhos de grande concentração, estrutura elegante e notável potencial de guarda.